Novo coronavírus é descoberto na China: há motivos para preocupação?

Especialista alerta para o potencial pandêmico do vírus HKU5-CoV-2, encontrado em morcegos no país asiático...

A pandemia de covid-19, colocou a ciência e a saúde pública em alerta para outros vírus semelhantes com potencial de atingir humanos. Recentemente, pesquisadores chineses identificaram um novo, denominado HKU5-CoV-2, em morcegos na região central da China. A descoberta levanta uma preocupação legítima:

Esse vírus pode desencadear uma epidemia?

Por enquanto, o risco é apenas potencial, mas não pode ser ignorado. O HKU5-CoV-2 utiliza o mesmo receptor celular do SARS-CoV-2, o que significa que, em teoria, ele tem a capacidade de infectar células humanas da mesma maneira. Embora, até o momento, esteja restrito aos morcegos, seu potencial de disseminação exige atenção.

Um dos pontos mais preocupantes é que, mesmo entre pessoas que já tiveram covid-19 ou foram vacinadas contra o SARS-CoV-2, não há garantia de imunidade contra esse novo vírus. O HKU5-CoV-2 não é uma variante do coronavírus que causou a pandemia de 2020, mas um vírus distinto, sem proteção cruzada significativa. Isso reforça a necessidade de vigilância para evitar sua possível transmissão entre espécies e posterior infecção humana.

A melhor estratégia para conter surtos de coronavírus de origem animal passa pelo controle dos mercados que comercializam animais vivos. No caso da covid-19, a transmissão provavelmente ocorreu a partir de morcegos, passando por um hospedeiro intermediário antes de atingir os humanos. Se medidas rigorosas não forem implementadas, esse ciclo pode se repetir.

Embora a fiscalização desses mercados tenha sido intensificada após a pandemia, ainda há incertezas sobre sua real eficácia. Um fator preocupante é que o HKU5-CoV-2 parece ter a capacidade de infectar diferentes espécies, o que pode facilitar sua chegada aos humanos por meio de um hospedeiro intermediário.

Se esse novo coronavírus começar a circular entre humanos, a experiência adquirida com a covid-19 permitirá uma resposta mais rápida. Com a sequência genética do vírus disponível, testes moleculares, como o PCR, poderão ser desenvolvidos rapidamente para diagnóstico. Além disso, testes rápidos podem ser criados, tornando a detecção mais acessível.

No campo dos tratamentos, antivirais utilizados contra a covid-19, como o remdesivir, podem apresentar alguma eficácia, mas estudos laboratoriais serão necessários para confirmar sua utilidade. Caso esses medicamentos não sejam eficazes, será preciso desenvolver novas opções terapêuticas.

A resposta a uma possível nova ameaça viral deve se basear no conhecimento adquirido nos últimos anos. Medidas como o uso de máscaras, higienização das mãos e distanciamento social continuam sendo ferramentas eficazes para reduzir a transmissão de vírus respiratórios. No entanto, a principal barreira contra uma nova epidemia será a vacinação.

Diferentemente do que ocorreu em 2020, hoje a ciência domina melhor o desenvolvimento de vacinas de RNA mensageiro. Se necessário, uma vacina específica para o HKU5-CoV-2 pode ser criada com muito mais rapidez. O grande desafio será garantir sua produção e distribuição em tempo hábil para evitar uma crise sanitária global.

Embora o HKU5-CoV-2 ainda não tenha infectado humanos, seu potencial de disseminação não pode ser subestimado. A vigilância epidemiológica e o fortalecimento de medidas preventivas são essenciais para evitar que o mundo reviva os desafios enfrentados com a covid-19.

O que aprendemos nos últimos anos deve servir como base para uma resposta eficaz, caso esse novo coronavírus comece a se espalhar.

A ciência segue atenta, e a sociedade deve permanecer vigilante. Informação e preparo são nossas melhores defesas contra futuras pandemias.

Fonte: Revista veja

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