
Por se tratar da maior autoridade da Igreja Católica, naturalmente as tradições seguem um rito específico após a morte de um papa. A tradição do Vaticano para os funerais papais determina um protocolo detalhado descrito no manual “Ritos Funerais do Pontífice de Roma”, que possui cerca de 400 páginas.
Segundo diretrizes estabelecidas nele em 2000, o sepultamento do líder da Igreja Católica deve ocorrer entre quatro e seis dias após seu falecimento. No entanto, no ano passado, o próprio pontífice argentino, que morreu esta madrugada, aos 88 anos, simplificou esse rito, incluindo mudanças na verificação da morte, que agora ocorre em uma capela privada, e na disposição do corpo, que passa a ser colocado diretamente no caixão.
A confirmação da morte do Papa cabe ao Camerlengo, atualmente o cardeal irlandês Kevin Cardinal Farrell. O procedimento inclui chamar o pontífice pelo nome de batismo três vezes. Caso não haja resposta, a morte é oficialmente reconhecida e anunciada à Igreja e ao público.
No dia da missa exequial, chefes de Estado e autoridades se reúnem na Basílica de São Pedro antes da condução do caixão ao local de sepultamento.
Passo a passo do luto no Vaticano
- Morte confirmada na capela privada
- Corpo colocado diretamente no caixão
- No dia da missa exequial, o corpo é levado à Basílica de São Pedro
- Papa é exposto ao público no caixão aberto
- Realiza-se a missa exequial com chefes de Estado presentes
- Após a missa e a exibição pública, o caixão é fechado e encaminhado para o sepultamento
- Durante os nove dias seguintes, ocorrem as missas novendiais em sufrágio ao Papa
Apenas um caixão
Papa Francisco fez atualizações no livro litúrgico que regulamenta os procedimentos funerais do líder da Igreja Católica. Uma das modificações foi no momento da verificação da morte, que não é mais feita no quarto dele, mas em uma capela privada.
Outra modificação significativa foi a eliminação do uso de três caixões sucessivos — antes feitos de cipreste, chumbo e carvalho. Agora, o Papa será sepultado em um único caixão, composto de madeira e zinco.
Além disso, a apresentação do corpo ao público foi ajustada: em vez de ser exposto sobre um pedestal elevado, o Papa permanecerá no próprio caixão, aberto, reforçando um aspecto de humildade na despedida, conforme explicou o historiador Agostino Paravicini Bagliani ao jornal “The New York Times”.
Francisco também flexibilizou o local de sepultamento, que não será na Basílica de São Pedro — onde a missa exequial reunirá chefes de estado e autoridades, antes de o caixão seguir para o sepultamento. Diferentemente da tradição vigente desde 1903, ele escolheu ser enterrado na Basílica de Santa Maria Maggiore. Em 2023, numa entrevista ao site mexicano “N+”, ele explicou que tinha uma forte conexão e devoção pelo local. Por lá, antes de se tornar Papa, ele contou que rezava em frente à “Salus Populi Romani”, ícone (pintura em madeira) que retrata a Virgem Maria com o menino Jesus.
Informações: Jornal Extra