
Com a chegada do período da Quaresma, o setor de pescados em Campo Grande já observa um aumento na procura por peixes e frutos do mar. Comerciantes do segmento relatam expectativa de crescimento nas vendas, mas também demonstram cautela quanto ao impacto do feriado prolongado na movimentação do varejo.
Segundo Cleuber Linares, presidente do Mercadão Municipal, há uma preocupação no setor em relação ao feriado da Sexta-feira Santa, em 18 de abril, que será seguido pelo feriado de Tiradentes, em 21 de abril. “Muita gente pode deixar a cidade, o que nos faz questionar como será o movimento no varejo. Ainda assim, trabalhamos com projeções baseadas nos últimos cinco anos e reforçamos nossos estoques para atender a demanda”, explica Linares.
Sobre esse ponto, Adelaido Vila, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande (CDL-CG), destaca que, apesar das preocupações, o comércio tem se adaptado às novas realidades, com o consumidor cada vez mais focado em confraternizações durante as datas comemorativas. “Pós-pandemia, notamos uma tendência forte de que as famílias estão investindo mais nas celebrações do que, muitas vezes, no presente. Isso reflete um desejo de fortalecer o convívio familiar, que foi muito enfatizado durante o período de pandemia”, observa.
No Mercadão Municipal, os peixes mais procurados são pacu e pintado, nas versões inteiro, sem espinha e recheado. Há também uma crescente procura por opções mais acessíveis, como carne moída de peixe e filés de menor custo. Sobre os preços, Linares esclarece que os reajustes seguem a correção normal de mercado e que fatores climáticos, como a seca na região amazônica, impactaram a produção, resultando em ajustes pontuais nos valores. “O peixe não sobe de preço porque é Quaresma. Há apenas uma correção natural, como ocorre com outras proteínas”, pontua.
A Matias Pescados estima que as vendas aumentem entre 30% e 40% no período, com pico de até 300% na Semana Santa. “Os consumidores procuram tanto os peixes regionais como filé de tilápia e pintado, quanto opções importadas, como salmão do Chile e frutos do mar”, comenta. Para atender à demanda, o comércio reforçou os estoques e se prepara para o período mais movimentado do ano.
Já na Beto Peixaria, a Quaresma deste ano pode superar o desempenho do ano anterior. “Trabalhamos o ano todo para a Semana Santa. Além do fator religioso, o preço da carne bovina levou muitos consumidores a optarem pelo peixe. Já estamos vendo uma movimentação maior, com clientes antecipando suas compras”, destaca.
Adelaido Vila também observa que há um aumento significativo na quantidade de peixarias em Campo Grande. “Hoje, temos muito mais peixarias do que há cinco ou dez anos atrás. As famílias estão voltando a consumir mais peixe, um movimento que reflete a valorização dessa proteína”, afirma Vila.
Diante desse cenário, a CDL-CG ressalta a importância do período para o comércio local e reforça a necessidade de planejamento para atender a demanda de consumidores e restaurantes.
O presidente da entidade também lembra sobre a possibilidade de abertura do comércio durante o feriado de Tiradentes. “O comércio pode abrir no dia 21 de abril, desde que o lojista avise o sindicato com cinco dias de antecedência e cumpra as regras estabelecidas na convenção coletiva, como o pagamento das taxas e compensações para os funcionários”, orienta Vila.
A Quaresma segue como um dos momentos mais importantes para o comércio de pescados, movimentando tanto o varejo quanto o setor de alimentação fora do lar, com restaurantes apostando em cardápios especiais para atrair clientes. O desempenho das vendas ao longo das próximas semanas será determinante para avaliar os impactos do período sobre o setor.