
Na mitologia grega, Themis é uma deusa, filha de Urano e Gaia. Ela era a guardiã dos juramentos e da lei, e era costumeiro invocá-la em julgamentos. Representada por uma mulher com uma balança e os olhos vendados, simboliza a justiça como o sentimento da verdade, da equidade e da humanidade.
Em Campo Grande, a deusa da Justiça é a guardiã do Fórum, localizado na Rua da Paz, há 23 anos. A obra do artista plástico sul-mato-grossense Cleir é um dos símbolos da cidade e já surpreendeu a população ao revelar seus olhos verdes quando sua venda caiu em 2020. Durante suas mais de duas décadas, a estátua passou por duas restaurações, sendo a última em 2022 para recolocação da venda.
Porém, Themis está com os dias contatos, já que o TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) promoveu concurso cultural para a nova guardiã do Fórum. Lançado em 21 de maio de 2024, a seleção “buscou selecionar uma obra que represente a Justiça e o Direito, incorporando elementos da cultura e da regionalidade sul-mato-grossense”, segundo informou a Comunicação do TJMS.
Ao todo 13 obras participaram da seleção e o resultado foi publicado no Diário da Justiça desta quinta-feira (23). O primeiro lugar foi conquistado pelo artista Victor Harabura de Freitas, com a obra intitulada “Parajás”. A escultura, que medirá cerca de 1,90m x 4,50m x 1,15m e pesará por volta de 288kg, será feita de chapas de aço corten. Segundo informou o TJMS, a proposta destaca-se por integrar simbolismo e contemporaneidade, unindo elementos da Deusa da Justiça com traços indígenas. “Parajás”, que é a deusa Tupi-Guarani da honra, do bem e da justiça, será composta por 91 camadas das chapas de aço e cerca de 170 peças distintas, formando uma representação poderosa da justiça e da herança cultural dos povos originários do Brasil. O artista receberá um prêmio de R$ 50 mil e a oportunidade de executar a obra, a critério da administração do TJMS, com um valor estimado de R$ 300 mil.

O segundo lugar foi para Marcos Roberto Ferreira de Rezende, com a obra “Justiça flui como as Águas”. Com dimensões de 2,00m x 4,20m x 1,21m e pesando 250kg, o monumento foi pensado para ser construído totalmente em aço inox e estabelece uma conexão entre os conceitos de justiça e natureza, ressaltando a importância vital da água para a região de Mato Grosso do Sul. O autor será premiado com R$ 30 mil.
O terceiro lugar ficou com Danilo Andrade Freitas, que apresentou uma obra ainda sem nome definido, com dimensões de 1,50m x 2,20m x 1,10m e feita de latão. O conceito da obra gera um elo entre os povos indígenas originários e a população sul-mato-grossense atual, utilizando 79 lâminas metálicas de latão que representam os municípios do estado. A figura da Deusa da Justiça incorpora elementos que simbolizam a força dos povos originários e a imparcialidade das decisões. O autor receberá um prêmio de R$ 15 mil.

Para onde vai Themis? Ainda sem um destino definitivo, a estátua de 4,6 metros deve ser realocada em alguma comarca de Campo Grande ou de outra cidade de Mato Grosso do Sul, segundo informações do Tribunal de Justiça.
Segundo o artista plástico Cleir, Themis foi elaborada com muito cuidado e estudo, em um ateliê que o artista mantinha na Avenida Tamandaré. “Depois de pronta, ela foi embalada e transportada até o Fórum, onde fez parte da celebração de inauguração do espaço. Toda essa ação de estudo contou com a participação do engenheiro Carlos Portugual”, disse Cleir que levou cerca de quatro meses para a confecção da obra.