Possível extravio de prontuários médicos no CAPS III em CG levanta alerta sobre responsabilidade dos profissionais da saúde

Especialista em Direito Médico explica as punições, orienta sobre como se proteger legalmente e destaca boas práticas para garantir a segurança das informações dos pacientes...

Uma notícia que circulou nos últimos dias acendeu um alerta entre profissionais da saúde: prontuários médicos do Centro de Atenção Psicossocial III (CAPS III), localizado no bairro Aero Rancho, em Campo Grande, teriam sido extraviados. O caso está sendo investigado pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS (DenaSUS), que está na capital sul-mato-grossense, para apurar o ocorrido.

Mais do que um simples papel, o prontuário médico é um documento sigiloso e obrigatório, que reúne o histórico clínico do paciente, com informações como diagnósticos, exames, prescrições, alergias, procedimentos realizados e evolução do quadro de saúde. Conforme a Lei Federal de 2018 nº 13.787 esses registros devem ser mantidos por pelo menos 20 anos a partir do último lançamento.

Armazenamento adequado: o que diz a legislação
Segundo a lei, prontuários podem ser digitalizados e armazenados eletronicamente, desde que o processo siga normas técnicas que garantam a integridade, autenticidade e confidencialidade dos dados. Em locais onde o arquivamento digital não for possível, a guarda deve ser feita em ambientes seguros, com acesso restrito e proteção contra deterioração física, umidade, incêndios e demais riscos.
“Os prontuários médicos fazem parte do patrimônio da instituição e da história do paciente. Sua conservação é um dever legal e ético dos profissionais da saúde e das entidades responsáveis”, alerta a especialista em Direito Médico Stephanie Canale.

Consequências do extravio
O não cumprimento da legislação pode gerar multas administrativas, sanções aplicadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e também levar o profissional à responsabilização civil e ética. Em casos mais graves, dependendo da consequência da perda das informações para o paciente, pode haver processos judiciais por negligência ou omissão.

Como médicos e instituições podem se proteger
Para se resguardar legalmente, os profissionais devem adotar medidas que comprovem o zelo com a documentação, como:

• Controle de acesso a prontuários, seja físico ou eletrônico;
• Protocolos de arquivamento e guarda adequados;
• Sistemas informatizados com backup e criptografia;
• Registros de quem acessou ou manuseou os documentos;
• Treinamentos periódicos para equipes sobre proteção de dados e sigilo médico.

Além disso, é essencial que instituições estabeleçam políticas internas de compliance, com definição clara de responsabilidades sobre a gestão documental.

“É importante entender que a responsabilidade não é só da gestão da unidade de saúde. O profissional que atende o paciente também pode ser responsabilizado se não adotar os cuidados exigidos pela legislação”, explica o especialista.

O caso em Campo Grande serve como um alerta nacional sobre a importância da boa gestão de informações em saúde. O momento é oportuno para que médicos, gestores e autoridades reflitam sobre a necessidade de revisar protocolos e garantir a segurança dos dados de todos os pacientes.

O especialista está disponível para entrevistas e pode comentar:
• O que diz a Lei nº 13.787/2018;
• Como deve ser o arquivamento de prontuários médicos;
• As punições previstas em caso de perda ou extravio;
• Como os profissionais podem se proteger legalmente;
• Boas práticas para garantir a segurança da informação em saúde.

Quem é a especialista em Direito Médico, Stephanie Canale?
Stephanie Miola Canale Brown é advogada especialista em Direito Médico e Hospitalar, professora e mestranda em Direito Médico-Odontológico pela Faculdade São Leopoldo Mandic. Com vasta experiência na área da saúde, é referência em temas como responsabilidade civil de médicos e hospitais, judicialização da saúde e bioética.
Possui especialização em Direito Médico e Hospitalar pela Escola Paulista de Direito e graduação em Direito pela Universidade Católica Dom Bosco. Fundadora do escritório Stephanie Miola Canale Sociedade Individual de Advocacia, atua assessorando profissionais e instituições de saúde em questões jurídicas complexas.
Sua expertise a torna uma fonte indispensável para esclarecer questões jurídicas envolvendo médicos, hospitais e pacientes em um cenário de desafios na saúde pública e privada.

Informações: Assessoria de Imprensa / Renata Santos Portela

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